quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A ORIGEM DO FUNK .

BAILE DO MEADO DOS ANOS 80.




BOA NOITE GALERA !!!

Os músicos negros norte-americanos primeiramente chamavam de funk à música com um ritmo mais suave. Posteriormente passaram a denominar assim aquelas com um ritmo mais intenso, agitado, por causa da associação da palavra "funk" com as relações sexuais (a palavra funk também era relacionada ao odor do corpo durante as relações sexuais). Esta forma inicial de música estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas e principalmente dançante. Funky era um adjetivo típico da língua inglesa para descrever estas qualidades. Nas jam sessions, os músicos costumavam encorajar outros a "apimentar" mais as músicas, dizendo: Now, put some stank (stink/funk) on it!" (algo como "coloque mais 'funk' nisso!"). Num jazz de Mezz Mezzrow dos anos 30, Funky Butt, a palavra já aparecia.

Devido à conotação sexual original, a palavra funk era normalmente considerada indecente. Até o fim dos anos 50 e início dos 60, quando "funk" e "funky" eram cada vez mais usadas no contexto da soul music, as palavras ainda eram consideradas indelicadas e inapropriadas para uso em conversas educadas.

A essência da expressão musical negra norte-americana tem suas raízes nos spirituals, nas canções de trabalho, nos gritos de louvor, no gospel e no blues. Na música mais contemporânea, o gospel, o blues e suas variantes tendem a fundir-se. O funk se torna assim um amálgama do soul, do jazz e do R&B.

James Brown, é o funk como gênero musical.
Somente com as inovações de James Brown e Sly and the Family Stone em fins dos anos 60 é que o funk passou a ser considerado um gênero distinto. Na tradição do R&B, estas bandas bem ensaiadas criaram um estilo instantaneamente reconhecível, repletos de vocais e côros de acompanhamento cativantes. Brown mudou a ênfase rítmica do soul tradicional para uma ênfase , anteriormente associada com a música dos brancos - porém com uma forte presença da seção de metais. Com isto, a batida virou marca registrada do funk "tradicional". A gravação de Brown feita em 1965, de seu sucesso Papa's Got a Brand New Bag normalmente é considerada como a que lançou o gênero funk, porém a música Outta Sight, lançada um ano antes, foi claramente um modelo rítmico para "Papa's Got a Brand New Bag."

Anos 70, e atualidade.
Nos anos 70, George Clinton, com suas bandas Parliament, e, posteriormente, Funkadelic, desenvolveu um tipo de funk mais pesado, influenciado pela psicodelia. As duas bandas tinham músicos em comum, o que as tornou conhecidas como 'Funkadelic-Parliament'. O surgimento do Funkadelic-Parliament deu origem ao chamado P-Funk', que se referia tanto à banda quanto ao subgênero que desenvolveu.

Outros grupos de funk que surgiram nos anos 70 incluem: B.T. Express, Commodores, Earth Wind & Fire, War, Lakeside, Brass Construction, Kool & The Gang, Chic, Fatback, The Gap Band, Zapp, Instant Funk, The Brothers Johnson, Skyy, e músicos/cantores como Rick James, Chaka Khan, Tom Browne, Kurtis Blow (um dos precursores do rap), e os popstars Michael Jackson e Prince.

Nos anos 80 o funk tradicional perdeu um pouco da popularidade nos EUA, à medida em que as bandas se tornavam mais comerciais e a música mais eletrônica. Seus derivados, o rap e o hip hop, porém, começaram a se espalhar, com bandas como Sugarhill Gang e Soulsonic Force. A partir do final dos anos 80, com a disseminação dos samplers, partes de antigos sucessos de funk (principalmente dos vocais de James Brown) começaram a ser copiados para outras músicas pelo novo fenômeno das pistas de dança, a house music.

Nesta época surgiu também algumas derivações do funk como o Miami Bass, DEF, Funk Melody e o Freestyle que também faziam grande uso de samplers e baterias eletrônicas. Tais ritmos se tornaram combustível para os movimentos Break e Hip Hop.

Os anos 80 viram também surgir o chamado funk-metal, uma fusão entre guitarras distorcidas de heavy-metal e a batida do funk, em grupos brancos como Red Hot Chili Peppers e e Faith No More.

No Brasil.
No Brasil, o Funk popularizou-se com os "bailes da pesada" organizados pelos djs Big Boy e Ademir Lemos nos anos 70, no Canecão, com a popularização de alguns artistas como Tony Tornado. Na época a música era conhecida como soul, shaft ou soul-funk, derivando depois para simplesmente funk. Os bailes eram conhecidos como "bailes black".

No final dos anos 70 os bailes entraram em decadência, mas sobreviveram no anonimato, longe da mídia nos chamados bailes funk do subúbrio carioca, comandados pelas equipes de som e seus djs. Um dos grandes nomes da época era Wanderley Pimentel, o DJ Maks Peu.

Em meados dos anos 80 o funk volta a ter alguma projeção na mídia, com programas de rádio e TV independentes, em horários alugados. Até aquela época os bailes funk tocavam apenas música americana, e os freqüentadores dos bailes cantavam, em coro, versões em português, geralmente com palavrões, deboche e referência à violência. Surgiu então o famoso "É o bicho! É o bicho! Tá legal! Tá Legal". Em 1988, Hermano Vianna, antropólogo, publica O Mundo Funk Carioca, relatando o cotidiano dos bailes funks do subúrbio, explicando até a origem do refrão "é o bicho!".

A dança Break também marcou época nos bailes funk dos anos 80.
A música tocada nos bailes era conhecida como funk genericamente, mas se identificavam principalmente o Miami Bass e o Freestyle. O Miami Bass, era repleto de letras com palavrões e insinuações eróticas. Ironicamente, a maioria dos frequëntadores de bailes funk não entendia as letras em inglês, mas adaptavam, pelo ritmo e som aproximado das palavras, refrões tão ou mais chulos e obscenos que os originais. Um dos grupos de maior sucesso foi, sem dúvida, o Two Live Crew.

O funk era conhecido também como balanço, provavelmente devido ao modo de dançar balançando o corpo. Porém, Hermano Vianna, durante seu trabalho de campo, dá uma bateria eletrônica para DJ Marlboro ("É como dar um rifle a um chefe indígena", brincou Gilberto Velho, antropólogo que orientava a pesquisa de Hermano). Marlboro então, entusiasmado com o projeto, junta-se com Ademir Lemos, Cidinho Cambalhota e outros promotores de bailes e lança o LP Funk Brasil, com músicas em português, em 1989.

Até então, havia uma discriminação, o funk era visto como um ritmo que simbolizava o estilo de vida de favelados, enquanto outros ritmos dançantes eram admitidos, como a chamada house music. O Funk populariza-se e algumas discotecas freqüentadas pela classe média passam a tocá-lo e até a fazer noites só com o ritmo. Com essa aceitação, surgem algumas remixagens de músicas criando o funk house.

A partir daí a história começa a mudar, com muitas equipes de som, e o próprio DJ Marlboro lançando novos lps com músicas em português. Paralelamente, o Brasil batiza um ramo do Freestyle romântico como Funk Melody, que no início dos anos 90 fez sucesso com as estrelas Stevie B. e Tony Garcia (na verdade um produtor de discos de Freestyle). Surge então o Funk Melody nacional com letras em português, em geral traduções de músicas americanas.

Em meados dos anos 90, há uma pequena reviravolta no mundo Funk, com as equipes de som promovendo festivais nas favelas onde havia bailes, e lançando em discos as gravações lá realizadas. A extina rádio RPC (FM 100,5 Mhz) foi em grande parte responsável pela expansão e popularização do ritmo. Divulgou os albuns Rap Brasil, Rap Brasil 2 e Rap Brasil 3, ajudando a promover carreiras que seguem até hoje.

Assim surgem uma série de MCs cantando funk nacional, agora também utilizando o nome rap, embora em menor escala, já que o termo funk já estava consolidada após tantos anos de uso.

No final dos anos 90, com a facilidade de gravação de CDs, a sociedade carioca começa a ser invadida pelo chamado proibidão, uma vertente, cujas letras são apologias explícitas ao uso de drogas, a traficantes, ao banditismo, a facções criminosas e ao crime em geral. Na verdade, os proibidões já existiam antes, mas sua audiência era restrita às favelas. Com o barateamento da gravação de CDs, as cópias de discos de proibidão passaram a ser divulgadas.

Paralelamente a isso, em Sâo Paulo, desde os anos 80 havia uma outra vertente do funk, mais identificada como rap, que organizava seus bailes na periferia, alguns ao ar livre, onde predominava o estilo rap de protesto e contestação, embora alguns grupos como Sampa Crew estivessem mais para o estilo Miami Bass. Podia-se identificar então o funk carioca como sendo a versão nacional do Miami Bass e o rap de São Paulo como sendo a versão nacional do rap de Nova York.

Realmente o funk com o ritmo Miami Bass também ficou conhecido no Brasil como funk carioca, evidentemente não no Rio de Janeiro onde é conhecido apenas como funk.

Programas dedicados ao Funk
Som na Caixa: programa independente de TV, produzido pelas equipes de som do Rio de Janeiro. Apresentado por Monsieur Limá, durante os anos 80 e 90.
Apresentado na Tv Corcovado.
Top Mix: programa apresentado pelo DJ Marlboro na Rádio Manchete, entre 1988 e 1990.
'Big Mix: sucessor do Top Mix, quando DJ Marlboro saiu da Manchete levando seu programa.
'Ritmos de Boate: Programa apresentado pela rádio Mundial AM do Rio de Janeiro, e marcou época nos anos 80.

Nenhum comentário:

Postar um comentário