quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Miami Bass para iniciantes (por Camilo Scrok)

Dj Camilo Scrok(MultiShow FM).

O contagiante ritmo advindo do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, também conhecido como Booty Rap, Bass Music e Car Audio Bass, surge no início dos anos 80 a partir de uma reinterpretação do electro já produzido na Europa, leia-se o trabalho do grupo alemão Kraftwerk, e as produções provenientes de pequenos selos da cidade de Nova York. O Miami Bass, por inspiração da mítica faixa “Planet Rock” (1982), de Afrika Bambaataa e Soul Sonic Force, busca bpm’s (batidas por minuto) cada vez mais altas, porém no início a sonoridade do Miami foi arquitetada por seguidores das produções novaiorquinas como Pretty Tony (conhecido também pelo projeto Freestyle do sucesso “Don’t stop the Rock” – vulgo Melô da Explosão), DXJ (James McCauley, também conhecido como Maggotronics ou Maggotron), Dwayne Omar e Amos Larkins.

Em um primeiro momento, o Miami Bass caracterizou-se pela utilização de sintetizadores, peças da bateria eletrônica Roland TB-808 e pela escolha de temas de desenhos animados ou programas bregas da TV norte-americana. Esse momento durou de 1985 até 1988, contudo o sucesso do grupo, diga-se de passagem do Estado americano da Califórnia, 2 Live Crew (Fresh Kid Ice, Luther Campbell e Mr. Mixx) e das produções DJ Magic Mike, que viriam mudar esta fórmula.

O passo seguinte ou a “segunda onda do Miami Bass” (1988 – 1993) é caracterizada por temas erotizados, batidas preferencialmente na casa dos 130 B.P.M, linhas de baixo bem trabalhadas (tão importantes em campeonatos de som automotivo) e uso incessante de samples de músicas de sucesso antigas (podendo ser um funk ou até um rockabillity). A inspiração para tais trabalhos, principalmente no caso do grupo 2 Live Crew, vem das produções de Clarence “Blowfly” Reid com suasparódias pornográficas”, discos do comediante Redd Foxx e das produções oitentistas com graves pesadísimos de Twilight 22 e Egyptian Lover. É nesta fase que o Miami Bass alcança uma popularidade expressiva tanto nos Estados Unidos quanto ao redor do mundo (principalmente no Brasil). Inúmeros artistas surgem ou tem seus trabalhos descobertos pela grande mídia como MC A.D.E, Beatmaster Clay D., Tricky D, B.O.S.E, DJ Debonaire, KJ & MC Kooley C, MC Nas-D, Sir Mix-a–Lot, MC Shy D. (primo de Afrika Bambaataa), DJ Laz, The Boys From the Bottom, Afro-Rican, entre outros. Todavia, tamanho sucesso de venda conjuntamente com as mensagens presentes nas músicas levou a forças conservadoras americanas, em 1989, (diga-se “American Family Association”) a proibirem a venda dos álbuns “As Nasty As They Wanna Be” (que iria acabar vendendo duas milhões de cópias) e “Banned in the USA”, em 13 de julho de 1990 (referência a música “Born in the USA” de Bruce Springsteen).

Apesar da polêmica, a Bass Music continuaria freqüentando as paradas de sucesso dos anos 90 com “Push it”, do grupo feminino Salt N’ Pepa, “Whoomp! (There It Is!)” do Tag Team e “Space Jam – Everybody get Up”, tema do filme “Space Jam” estrelado pelos Looney Tunes e pelo astro da NBA Michael Jordan, do Quad City DJ’s.

Nos anos que seguiram, o Miami Bass foi voltando ao underground (a cena musical das cidades de Miami e Atlanta) e acelerando gradativamente suas batidas (para 145 – 154 B.P.M). Nesse momento, nos U.S.A surgem novos ritmos baseados no legado do “Miami Pancadão” como o Ghetto Tech e o Techno Bass, ambos da cidade de Detroit. O Techno Bass caracteriza – se pela mistura do Miami Bass com techno experimental e sons sci-fi e o Ghetto Tech , uma variação do Techno Bass, pelas batidas rápidas e temas pornográficos – como em “Ass-n-Titties” (traduzindo-se, “Bundas e Peitos”) de DJ Assault.

Já no Brasil, é amplamente divulgado que a semente plantada pelos sons da Flórida gerou o “Funk Carioca”. A chegada do Miami data do ano de 1987, através de DJ’s e radialistas da Rádio Tropical 104, 5 FM na cidade do Rio de Janeiro, e rapidamente dominou os bailes. Porém, o terreno já havia sido preparado pela equipe Cash Box em 1982/1983 com seus álbuns que lançaram os sucessos do Electro “Planet Rock” e “Play at Your Own Risk”, de Planet Patrol, sampleadas inúmeras vezes por produtores do ritmo aqui em questão.

Em 1989, o produtor e radialista DJ Marlboro juntamente com o falecido idealizador e label manager Cidinho Cambalhota produziram o primeiro disco do projeto “Funk Brasil” (pela gravadora Polygram) com músicas influenciadas pelos grandes sucessos do Miami Bass cantadas em língua portuguesa. Esse foi o start para que muitos outros produtores como Grand Master Raphael, Tony Minister, Bass Crew (vulgo DJ Adriano da equipe Live e Guto Laureano), DJ Nazz (um dos responsáveis pela introdução do ritmo através de suas viagens aos E.U.A e Europa Ocidental) , Master DJ’s (Edil, DJ Markão e Mr. Mú), DJ Cuca e Mad Zoo de São Paulo começassem a produzir. Porém, a produção nacional em um primeiro momento não superou de imediato a venda de coletâneas de equipes (somando-se todos os lançamentos) com o “pancadão norte-americano” e nem a popularidade dos conhecidos “melôs”. Foi nessa época que artistas como MC A.D.E, trazido pela ZZ Produções, e o grupo Tag Team estiveram no Rio de Janeiro para shows A partir do segundo semestre de 1994, o Funk Nacional (diga-se rap’s e montagens – colagem de trechos de “melôs” de sucesso com a base da faixa “Volt Mix” do DJ Battery Brain, podendo contar com vocal em português) começa a “superar” em execução os sons importados de Miami e no ano seguinte poucos foram os lançamentos desse estilo.

No final dos anos 90, poucas equipes executavam com maior freqüência esse estilo em suas programações radiofônicas diárias, a não ser a equipe Cash Box. Ainda surgiriam coletâneas como “Clássicos dos Bailes” (gravadora Spotlight Records) que relembrariam os áureos tempos desse ritmo.

Nos dias atuais, poucas são as festas que executam o Miami Bass e muito menos fazem lançamentos desse estilo aqui no Brasil. Porém, há boas dicas de artistas que retrabalham o “Miami Pancadão” em outras cenas musicais como DJ Baby Anne e DJ Icey e no Brasil através de alguns coletivos, dentre eles o que faço parte: Sarapuhy Beats.

Um comentário:

  1. b-boys rage mo bounce to the 40 oz[pancadao nao consigo baixar .se alguem poder me ajudar?]

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